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29 de jun. de 2016

Bolo Pé de Moleque - Escuro com Castanhas



    Mês de Junho no Nordeste temos muito a comemorar, principalmente em anos que a seca é amena. Iniciamos a colheita de milho que foi plantado no outono, como principal ingrediente dos festejos juninos. Além disso, temos 3 Santos com datas comemorativas distintas, Santo Antônio, São João e São Pedro. Apesar de a comemoração ser nacional, cada estado tem uma cultura um pouco distinta das demais, de comidas, bebidas e hábitos. Neste post não vamos falar do milho, mas de um bolo muito consumido no estado de Pernambuco, neste período do ano.

    O bolo é conhecido como Pé de Moleque, mas por incrível que pareça, existem diversos bolos com o mesmo nome. Este é chamado de pé de moleque por ser um bolo escuro, como os pés de crianças descalças que correm soltos nos vilarejos de chão batido. Cada um tem uma receita distinta porém, em ambos serão encontrados alguns ingredientes básicos que caracterizam os sabores e cheiros de Melaço, café, Castanha e especiarias. Ornado de castanhas de caju sobre o topo do bolo, é impossível não reconhecer.
Abaixo segue sua receita que acompanha muito bem com uma xícara de café.

Ingredientes:

500 g de açúcar mascavo ou rapadura triturada
2 ¹/² xícaras (chá) de água
1/2 colher (sopa) de Café em pó solúvel
1/2 colher (sopa) de Canela em pó
1/2 colher (sopa) de Cravo triturado
1/2 colher (sopa) de Erva-doce triturada
1/2 xícara (chá) de manteiga
4 ovos
1/2 colher (chá) de sal
1 kg de massa de mandioca úmida e peneirada
2 xícaras (chá) de leite de coco
3 xícaras (chá) de castanha de caju (torrado e triturado (farinha de castanha)
100 g de castanhas de caju inteiras para decorar
50 g de farinha de trigo para polvilhar a forma do bolo.

Modo de preparo:
  • Pré aquecer o forno em temperatura média de 200º C.
  • Untar uma forma de bolo com manteiga e polvilhar a farinha de trigo para que possa soltar da forma facilmente, preferencialmente uma forma de furo central, como uma forma de pudim. Caso não tenha pode ser utilizado uma forma estilo assadeira.
  • Refogar em uma frigideira o cravo da índia e a erva-doce, em fogo baixo até desprender o cheiro destas especiarias.
  • Bater no liquidificador o açúcar mascavo com a água, café, canela, cravo e erva-doce.
  • Voltar esta mistura ao fogo até ferver e tornar-se uma calda. Acrescente a manteiga e deixe esfriar, este processo fará com que os sabores das especiarias se acentuem. Ao esfriar, deve ser peneirado para tirar os pedaços de cravo e erva doce que não são agradáveis para algumas pessoas ao mastigar.
  • Bater os ovos inteiros com o sal até espumar. Não precisa se preocupar em criar muita espuma, pois a característica deste bolo é ser mais firme e úmido. Acrescentar manualmente a massa de mandioca, com ajuda de uma colher. Aos poucos vá acrescentando o leite de coco até tornar-se uma única massa, volte a acrescentar a calda, já fria neste momento, ao final devemos acrescentar o último ingrediente, a castanha triturada. Misturar até ficar uniforme.
  • Despejar aos poucos a massa na forma de bolo já untada de manteiga, decorar a parte superior do bolo com as castanhas inteiras, de forma aleatória ou ordenada, desde que queira manter um padrão. Levar ao forno por um tempo médio de 1 hora e 40 minutos.
Conselho importante: Como cada forno tem um comportamento diferente e o tamanho da forma e modelo podem influenciar no tempo. Checar se o bolo está pronto 20 minutos antes. Utilizando um palito de madeira. Ao puxar, o palito deve apresentar pouca massa aderida a madeira. Caracterizando que o bolo está cozido. Se estiver, bom, pode retirar do forno e esperar esfriar. Caso ainda esteja crú, pode deixar por mais 20 minutos, mas deve checar a cada 10 minutos até checar o cozimento necessário. O bolo deve ser desenformado e servido com as castanhas visíveis na parte superior.

Aproveitem bem esta receita.

23 de jun. de 2016

Munguzá ou Canjica (no Sul e Sudeste do Brasil)

Munguzá

Se existe uma lembrança boa de infância era acordar cedo e se perguntar o que teríamos para o café da manhã. Meu sempre dizia que a principal refeição do dia era o desjejum. Minha mãe sempre variava o cardápio, mas na maioria da vezes com um cardápio bem regional. Um dos pratos era o Munguzá (no sudeste do Brasil é chamado de Canjica). O que ficava impressionado era com a disposição que minha mãe acordava cedo para preparar este prato, uma vez que o milho não cozinha tão rápido. Na verdade acordar cedo já era um costume e se segue até hoje.
"Comer como um Rei, almoçar como um Príncipe e jantar como Plebeu"
 Ingredientes:

500 gr de milho descascado próprio para este uso
2 Xícaras (chá) de açúcar
1 pintada de Sal
1 canela em pau
200 ml de leite de coco
2 L de água

Modo de preparo: 

  • Deixar o milho de molho na água, preferencialmente por 8 horas. Lavar o milho e trocar a água até perceber que a mesma está ficando translúcida (soltando pouco amido).
  • Cozinhar em uma panela de pressão grande (3 litros), a água, o milho, o pau de canela e a pintada de Sal. Deve cozinhar por aproximadamente 40 minutos em fogo médio.
  • Após tirar a pressão da panela, acrescentar o açúcar e leite de coco. Voltar ao fogo medo e deixar ferver por 5 minutos. Se achar necessário, pode acrescentar um pouco mais de água para encontrar a consistência que achar mais agradável. Algumas pessoas gostam de comer ele como um caldo, outros como uma papa. Esta receita não fica muito doce, portanto caso ache necessário, pode adicionar mais açúcar.

Dicas:

  • A receita pode ser incrementada acrescentando 1 lata de leite condensado e COCO ralado (pode ser o seco). Ao esfriar este prato tende a ficar com consistência mais sólida, devido ao amido presente no milho. Basta acrescentar um pouco de água ou leite de vaca e esquentar que ele volta ao normal.
  • Seguir o passo a passo de cozimento, será mais rápido. Nâo cozinhem todos os ingredientes juntos na panela de pressão acreditando que vai ganhar tempo. Pode acabar grudando todo o milho no fundo da panela. Caso não tenha panela de pressão, pode fazer em panela normal, mas informo que demora um pouco mais.
  • Só acrescentar o açúcar e leite de COCO após o milho estar ao dente.

Aproveitem. 

22 de jun. de 2016

Manjar de Coco com calda de ameixa

Manjar de coco com calda de ameixa

De tanto amor, morri!

    Soa engraçado dizer esta frase, mas descobri ainda cedo que não se pode ter tudo na vida de uma única vez. Vamos aos fatos...

    Em minha casa éramos quatro. Minha mãe,  meu pai, minha irmã mais nova e claro, eu. Além disso meu pai tinha os filhos do seu primeiro casamento, que eram três, porém mais velhos e já independentes. Um deles, o mais novo, tinha casado recentemente e ainda estava curtindo a sua lua de mel.  

    Meus pais frequentemente viajavam. Em uma dessas viagens, para visitar parentes na Áustria, como não encontraram uma pessoa para ficar conosco pediram para os recém casados cuidarem de nós,  em um período aproximado de 1 mês. Por enquanto tudo tranquilo e sem surpresas; foi até muito legal este período.

    Como acontece na maioria dos casamentos, as mulheres costumam agradar seus maridos cozinhando algo diferente. Neste caso era um doce conhecido como Manjar de Coco. Este doce é tipo um flan, porém  feito com leite de coco, em formato de pudim e regado com calda de ameixa em conserva. Sobremesa simples e sem mistérios.

    Acordava cedo, ia para escola, voltava na hora do almoço e ...
No primeiro dia que chegamos da escola,  já sinto aquele cheiro forte e gostoso de doce (ao cozinhar o leite de coco, o cheiro se espalha na cozinha). Após o almoço,  comemos o primeiro Manjar. Isto se repetiu nos dias seguintes... Segundo dia, terceiro,  quarto, quinto...
Os dias se seguiam e continuávamos comendo Manjar. Era praticamente um por dia!

    Não sei exatamente quantos dias se repetiram, mas um belo dia quando chego em casa e sinto o cheiro do leite de coco, fiquei um pouco nauseado. Tomei meu banho, guardei os livros e fui almoçar. O almoço estava tranquilo, mas quando vejo aquele Manjar e provo a primeira colherada, nossa... meu mundo parou. Não consegui engolir. Passei mal, muito mesmo e foi quando percebi que minha cota de manjar de Coco tinha acabado.  Criei uma total aversão a este prato, mesmo tendo uma paixão tão forte.  Acredito que não era amor, era paixão e logo se acabou.

    Vai uma receita de Manjar, simples, fácil e rápida de fazer. Espero que gostem e recomendo que não o façam com tanta frequência,  mas não deixem de provar.

Receita:

Para o Manjar
1 lata de leite condensado light 410g
1 medida de leite de coco (usar a mesma lata do leite condensado)
2 medidas de leite de vaca (usar a mesma lata do leite condensado) 
1/2 xícara (chá) de amido de milho

Para a Calda
1 lata de ameixa em conserva
1 unidade de canela em pau
1 xícara (chá) de açúcar

Modo de preparo:

  • Untar a forma com óleo de cozinha, para facilitar a desforma e deixar reservado.
  • Em um liquidificador adicionar o leite condensado, leite de coco, leite de vaca e o amido de milho. Bater o suficiente para incorporar o amido sem fazer espuma (se bater demais a mistura começa a espumar). Por na panela em fogo  médio e ficar mexendo sem parar até o creme começar a engrossar. Após começar a ferver, continuar mexendo por mais 5 minutos. Despejar na forma escolhida, esperar esfriar um pouco, antes por na geladeira.
  • Ferver uma xícara de água com um pedaço de pau de canela por 5 minutos, deixar em infusão por 30 minutos para incorporar bem o sabor da canela no chá. Adicionar o açúcar até derreter e tornar-se uma calda rala, acrescentar as ameixa enlatadas nesta mistura, junto com a calda e ferver por mais 5 minutos. Deixar esfriar. 
  • Após gelado, que deve levar umas 4 hora em média. Por em um refratário e decorar com a calda e as ameixas.
  • Atenção ao desformar evitando que se quebre e fique mal apresentado. Pode ser usado formas de silicone com imagens diferentes.






Rende 12 porções.

21 de jun. de 2016

Apresentação

    Já falei um pouco de minha origem, mas vamos falar um pouco do que me motivou e quais propósitos e conceitos deste Blog.

    Apesar de não ter seguido na gastronomia como profissão, sou engenheiro civil, mas nas minhas horas vagas o que costumo fazer é cozinhar. Sou autodidata e costumo fazer muitas pesquisas sobre diversos tipos de comidas e suas técnicas.
Sobre preferências de comidas, tenho diversas, Italiana, Germânica,  Árabe, Mexicana, Chinesa, Japonesa, Francesa e a Comida Regional Brasileira, tão presente em minha história e cultura preferencialmente a Nordestina.

    Como todo bom Pernambucano, influenciado pela história dos engenhos de açúcar, amo doces. Nem deveria comer tanto, considerando um histórico de diabetes na família, ...

    Minha primeira inspiração para cozinhar foi a minha mãe. Ela nunca foi de estudar ou se debruçar em livros, até porque,  cronologicamente falando, livros de culinária bons no Brasil é algo mais recente. Isso não a impediu de ousar e testar receitas.  Admirava quando ela experimentava algo e dizia o conteúdo da receita na primeira garfada. Até hoje acho graça quando ela vai começar a comer algo. A primeira garfada é sempre um ritual. Começa com a ponta da língua, depois ela vai mastigando e levando a comida por toda parte da língua, onde consegue identificar os sabores, doce, azedo, amargo... literalmente um ritual.

    Imagine tudo isso influenciado por hábitos alimentares pouco comuns. O que disseminou este desejo de minha mãe foi o fato de meu pai (padrasto) não ser brasileiro e mesmo morando a muitos anos no Brasil, tinha referências sensoriais de comidas tipicas de seu país. Originalmente da Áustria, tinha um sotaque forte, que para quem era de casa não soava estranho.

    Recebíamos muitas visitas em casa, e alguns hóspedes passavam meses. Nosso médico pediatra fazia questão de nos visitar para provar os licores de frutas que minha mãe produzia em casa e era quase certo que ao final da tarde alguém surgisse para fazer uma visita inesperada. Ou seja, a cozinha não parava.

    E assim fui crescendo, e me inspirando cada vez mais na cozinha. Este de fato é meu maior hobby, apesar de gostar muito de cinema, fazer um pouco de esportes e trabalhar bastante.

    Com estas considerações preliminares informo que este Blog será escrito em forma de memórias, não necessariamente cronológicas, mas de forma a mostrar que cada receita tem uma identidade cultural e que nos remetem a lembranças de nossas vidas. Para facilitar a identificação das receitas, teremos um menu que levará a receita, sem necessariamente passar por essas lembranças. Teremos uma área de dicas e informações técnicas que irão facilitar bastante na execução.

Sejam bem vindos!
Willkommen!

Homenagem a minha mãe Linda Santana


20 de jun. de 2016

Minha Origem

Sócrates Gonçalves

Pois bem,

    Aqui estou me apresentando. Sócrates Gonçalves,  natural de Vitória de Santo Antão. Pequena cidade da região da zona da mata de Pernambuco. Muito influenciada pelos engenhos de açúcar, plantações e moinhos de mandioca e por ser uma das cidades que abastecem a região metropolitana da capital Recife com frutas e verduras.

Mapa do estado de Pernambuco com localização da cidade.

Foto antiga da estação ferroviária.

    Foi nesta cidade que passei boa parte de minha infância e adolescência. Cidade do interior, onde a agricultura e comércio sempre foram os pontos fortes. Existiam muitas olarias espalhadas no entorno da cidade, muitas destas já fecharam, mas o maior ícone da cidade ainda é a fábrica de Água Ardente Pitú. Tenho uma boa história de uma cachaça que tomei com uma tia e uma prima. Tipo, só de lembrar você quer esquecer, mas acaba caindo na gargalhada sozinho. Talvez eu conte este fato em algum momento.

Imagem ilustrativa da fábrica de cachaça da cidade.

    O que seria de uma cidade de interior sem as famosas praças  da cidade, onde todos se encontram após as missas, onde todos conhecem os padres das igrejas católicas. Onde anualmente temos as festas dos padroeiros e a comemoração com um parque de diversões itinerante. Na cidade, os católicos tinham 2 grandes igrejas, a igreja da Matriz e a igreja do Livramento. Porém, a matriarca da família, minha bisavó Severina,  fazia parte da igreja Anglicana. Neste sentido, minha educação religiosa foi bem diversificada, mas sempre muito cristã.

    Segue abaixo a minha primeira homenagem. Esta matriarca (bisavó) que infelizmente não está presente entre nossa família,  mas deixou grandes marcas de uma lutadora.

Dona Severina ou Dona Biu.

    Faço questão de compartilhar um pouco de minha história para que possam entender como tudo isso influenciou na pessoa que sou hoje. Um homem não pode ter um futuro, se não conhecer seu passado.

Drink Pinarol

Pinarol

    Vamos iniciar este Blog com um Drink para brindar as novidades que deverão surgir daqui para frente. Como estamos começando do Zero, nada mais Justo que uma bebida autoral. E acreditem, fácil, rápido e requer poucos ingredientes. O nome foi sugestivo, Pina + Aperol, nem sempre a criatividade ajuda, sabemos bem disso, porém se vocês testarem esta receita e gostarem, podem sugerir um novo nome, quem sabe não tenhamos um novo nome de batismo.

Ingredientes:
  • Abacaxi fresco - 1 abacaxi pequeno
  • Açúcar - 4 colheres (sopa)
  • Gelo - Suficiente para encher 2 copos de gelo
  • Aperol - 2 doses
Modo de preparo:

  • Macerar o abacaxi com o açúcar até dissolver o açúcar e extrair o sumo da fruta.
  • Adicionar o gelo e o Aperol. Misturar bastante até gelar o drink.
  • Usar uma taça Flute, de preferência, ou um copo longo.
  • O drink pode ser peneirado caso queira um aspecto mais clean.
  • Porém gosto da textura da fruta.
  • Decorar o copo com uma folha do abacaxi.
Dicas:
  • Se preferir um drink mesmo doce e o abacaxi esteja bem maduro, podem ignorar o açúcar, ou podem substituir por um adoçante de sua preferência. Não vai ajudar a perder peso, mas diminui a quantidade de ingestão calórica.
  • Caso tenha um evento mais sofisticado, sugiro que peneirem o drink, tirando a poupa do abacaxi. Particularmente gosto de comer a fruta que fica no copo, mas nem toda ocasião vai permitir esta informalidade.


Servem dois drinks